Em meus mais de 15 anos de experiência como ortopedista de coluna, tenho em Goiânia, tenho notado um aumento significativo de pacientes idosos em meu consultório que chegam com queixas de dor lombar.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor lombar crônica afeta cerca de 619 milhões de pessoas em todo o mundo, representando um aumento de 60% desde 1990.
No Brasil, um estudo realizado na Bahia revelou uma prevalência impressionante de 33,6% de lombalgia em idosos atendidos em serviços de fisioterapia, sendo as mulheres entre 60 e 69 anos as mais afetadas.
Diante desse cenário, os exercícios para lombalgia em idosos têm se tornado uma ferramenta fundamental no tratamento e prevenção dessa condição que tanto impacta a qualidade de vida dos meus pacientes.
Por que a lombalgia é tão comum em idosos?
Durante minhas consultas, sempre explico aos pacientes que o envelhecimento natural traz alterações importantes na coluna vertebral.
A degeneração discal, o enfraquecimento da musculatura paravertebral e as mudanças posturais são fatores que predispõem os idosos à dor lombar.
Além disso, o sedentarismo e as alterações no estilo de vida, principalmente após a pandemia de COVID-19, contribuíram significativamente para o aumento dos casos.
Estudos apontam que aproximadamente 43% dos idosos apresentam dor do tipo crônica, e cerca de 59% relatam irradiação da dor para os membros inferiores.
Esses dados corroboram com o que vejo diariamente em meu consultório, onde a lombalgia representa uma das principais causas de incapacidade funcional entre meus pacientes da terceira idade.
Evidências científicas sobre exercícios para idosos com lombalgia
Uma revisão sistemática brasileira que analisei recentemente demonstrou que, embora haja escassez de estudos específicos sobre exercícios em idosos com lombalgia, as evidências apontam consistentemente que a atividade física está associada à redução da dor lombar nessa população.
Em minha prática enquanto ortopedista com especialização em lombalgia na terceira idade, tenho comprovado esses achados científicos através dos resultados positivos que observo em meus pacientes.
Um estudo brasileiro particularmente interessante, realizado com 80 participantes idosos, avaliou os efeitos do Pilates combinado com educação em neurociência da dor.
Os resultados mostraram que o Pilates é uma intervenção segura para idosos com dor lombar crônica, com o benefício adicional de que a educação sobre dor aumentou significativamente a adesão ao exercício.
Tipos de exercícios para lombalgia em idosos
Exercícios de fortalecimento e estabilização
Os exercícios terapêuticos promovem redução da intensidade da dor e da incapacidade por longos períodos. Entre os mais eficazes que recomendo estão:
1. Mobilidade de coluna (Cat-Cow): Posicionado em quatro apoios, o paciente realiza movimentos de flexão e extensão da coluna, promovendo mobilidade articular.
2. Superman: Este exercício fortalece os músculos glúteos e da região lombar, sendo fundamental para a estabilidade da coluna.
3. Prancha abdominal: Essencial para fortalecer o core e proporcionar suporte à coluna vertebral.
4. Elevação pélvica: Fortalece glúteos e músculos estabilizadores da pelve.
Exercícios aquáticos: uma abordagem diferenciada
Um estudo publicado no JAMA Open demonstrou que exercícios de fisioterapia realizados na água proporcionaram resultados superiores ao tratamento tradicional para dores lombares crônicas.
Apenas 1,8% dos pacientes que se exercitaram na água mantiveram dores, comparado a 3,5% do grupo que recebeu tratamento convencional.
Em meu consultório, tenho encaminhado cada vez mais pacientes para hidroterapia, observando benefícios como ganho de força muscular, melhora do equilíbrio, redução de impacto e relaxamento muscular.
Cuidados essenciais na prescrição de exercícios
Avaliação médica prévia
Sempre enfatizo a meus colegas e pacientes que nenhum programa de exercícios deve ser iniciado sem uma avaliação médica completa.
É fundamental descartar patologias como hérnias discais, estenose de canal ou instabilidade vertebral antes de prescrever qualquer atividade física.
Contraindicações e sinais de alerta
Durante as consultas em meu consultório, sempre oriento sobre os sinais de alerta que contraindicam exercícios:
- Dor aguda severa
- Déficits neurológicos progressivos
- Síndrome da cauda equina
- Instabilidade vertebral
Progressão gradual
Uma lição aprendida ao longo de minha carreira é a importância da progressão gradual.
Inicio sempre com exercícios de baixa intensidade, aumentando gradualmente a complexidade e carga conforme a tolerância do paciente.
Diretrizes da OMS para tratamento da lombalgia
As recentes diretrizes da Organização Mundial da Saúde, que analiso regularmente para manter minha prática atualizada, recomendam especificamente programas estruturados de exercícios físicos como tratamento com evidência positiva para lombalgia crônica.
Entre as recomendações, destaco:
- Educação estruturada sobre dor
- Programas de exercícios físicos supervisionados
- Terapia manual
- Acupuntura
- Massagem terapêutica
Resultados esperados e tempo de tratamento
Os primeiros resultados começam a aparecer entre 4 a 6 semanas de exercícios regulares. Um protocolo que utilizo frequentemente consiste em 8 semanas de exercícios, realizados duas vezes por semana, com sessões de 50 minutos.
Veja os benefícios:
- Redução significativa da intensidade da dor
- Melhora da capacidade funcional
- Aumento da força muscular lombar
- Melhora da qualidade de vida
Conclusão
Os exercícios para lombalgia em idosos representam uma ferramenta terapêutica fundamental e baseada em evidências científicas sólidas.
Em meus anos de prática, tenho observado que a combinação de exercícios específicos de fortalecimento, estabilização e atividades aquáticas, sempre sob supervisão profissional adequada, proporciona resultados excepcionais para meus pacientes.
A chave do sucesso está na individualização do tratamento, preferencialmente elaborado por um médico ortopedista qualificado e experiente, respeitando as limitações de cada paciente e seguindo uma progressão segura.
Como sempre digo em meu consultório: “o melhor exercício é aquele que o paciente consegue realizar de forma segura e consistente”.
A evidência científica nos mostra que os exercícios para lombalgia em idosos não apenas aliviam a dor, mas também previnem recidivas e melhoram significativamente a qualidade de vida dessa população.