A cirurgia de deformidade cervical é indicada para corrigir desvios no alinhamento do pescoço que geram dor, limitação de movimento e queda na qualidade de vida.
Para tirar todas as dúvidas, neste guia, explico quando operar, como é o procedimento, riscos e recuperação, para que você converse com o especialista com mais segurança.
O que é deformidade cervical e por que o alinhamento importa
A coluna cervical tem sete vértebras e curvatura fisiológica que protege a medula e permite mobilidade.
Quando há aumento ou inversão dessa curva, surgem quadros como hiperlordose, hipercifose e síndrome da cabeça caída.
O resultado pode ser dor, fadiga muscular, desequilíbrio postural e, em situações avançadas, compressão neurológica.
Sinais, sintomas e avaliação clínica
Procure avaliação se houver dor persistente no pescoço, irradiação para ombros ou braços, formigamento, perda de força, dificuldade para manter a cabeça ereta ou alteração estética evidente.
O diagnóstico combina exame físico, radiografias em ortostatismo, tomografia, ressonância magnética e, quando indicado, testes eletrofisiológicos.
Quando a cirurgia é necessária
A cirurgia de deformidade cervical entra em cena quando o tratamento conservador falha, quando há progressão do desvio ou quando existem sinais neurológicos.
Situações comuns:
- Dor incapacitante apesar de fisioterapia e medicação.
- Deformidade rígida que limita atividades.
- Compressão medular com desequilíbrio de marcha.
- Instabilidade após trauma.
- Degeneração avançada.
Cirurgia de deformidade cervical: como é feita
O plano cirúrgico é individualizado. O objetivo é restaurar o alinhamento, descomprimir as estruturas neurais e estabilizar a coluna.
Costuma envolver osteotomias para correção de ângulos, descompressão da medula e raízes, e artrodese para manter o novo alinhamento.
A abordagem pode ser anterior, posterior ou combinada, escolhida conforme o padrão da deformidade.
Técnicas mais utilizadas
ACDF, discectomia e artrodese cervical anterior
Realizada pela frente do pescoço, remove-se o disco doente que comprime os nervos, coloca-se um espaçador com enxerto e, quando indicado, placa com parafusos.
Ajuda a corrigir segmentos e a reduzir dor radicular ou medular.
Prótese de disco cervical
Opção para preservar a mobilidade em casos selecionados, sem artrose avançada. Substitui o disco por um implante móvel.
Pode integrar o plano da cirurgia de deformidade cervical quando o objetivo inclui manter movimento em níveis adjacentes selecionados.
Foraminotomia cervical posterior
Via posterior com ampliação do forame para liberar a raiz comprimida.
Útil quando a dor é radicular predominante e o alinhamento global permite a preservação de movimento, sem necessidade de implantes.
Corpectomia
Retirada de um ou mais corpos vertebrais para descompressão extensa ou correção de cifose. O defeito é preenchido por cage específico, estabilizado com placas e parafusos, promovendo realinhamento sólido.
Laminoplastia
Descompressão do canal vertebral por abertura controlada das lâminas, preservando estabilidade sem fusão em casos adequados. Indicação frequente no estreitamento multissegmentar com bom equilíbrio sagital.
Laminectomia com fusão
Retira-se parte da lâmina para descomprimir a medula e estabiliza-se com parafusos e hastes, associando enxerto ósseo para artrodese. Útil em deformidades com instabilidade ou desalinhamento significativo.
Planejamento e segurança intraoperatória
O planejamento da cirurgia de deformidade cervical considera idade, doenças associadas, densidade óssea, padrão do desvio e metas de correção.
A monitorização neurofisiológica intraoperatória ajuda a proteger a função neurológica durante osteotomias, descompressões e instrumentações.
Pós-operatório e reabilitação
Nas primeiras semanas, recomenda-se repouso relativo, proteção do pescoço e cuidado com a ferida. A retomada de atividades leves começa de forma gradual.
A fisioterapia foca em postura, fortalecimento escapular e mobilidade segura. A consolidação da artrodese pode levar meses, período em que cargas e impactos devem ser evitados.
Resultados esperados e qualidade de vida
Com indicação correta, a cirurgia de deformidade cervical tende a reduzir a dor, melhorar a função dos braços, recuperar alinhamento e facilitar atividades diárias.
A expectativa realista e a adesão à reabilitação influenciam o desfecho tanto quanto a técnica escolhida.
Quem pode ajudar
O cuidado deve ser conduzido por ortopedista ou neurocirurgião com foco em coluna, em equipe com fisioterapeuta e anestesista.
O diálogo sobre metas e limites é parte central do sucesso da cirurgia de deformidade cervical.
FAQs
Quando a cirurgia de deformidade cervical é indicada?
Quando há falha do tratamento conservador, progressão do desvio, dor incapacitante ou sinais neurológicos como fraqueza e desequilíbrio de marcha.
Qual é o tempo de recuperação após a cirurgia?
Atividades leves costumam ser liberadas em semanas. Consolidação óssea e retorno a esforços maiores podem exigir alguns meses, variando conforme a técnica usada.
Toda cirurgia de deformidade cervical exige fusão?
Não. Em casos selecionados, laminoplastia e foraminotomia preservam mobilidade. Em deformidades estruturais, a artrodese é parte do plano para manter o realinhamento.
A prótese de disco pode fazer parte do tratamento?
Sim, em pacientes com indicação específica e sem artrose avançada, a prótese ajuda a preservar movimento em níveis selecionados.
Quais cuidados são essenciais no pós-operatório?
Proteção do pescoço, higiene da ferida, controle de dor, fisioterapia orientada e evitar cargas e impactos até a liberação médica.