Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial sofre com dores nas costas em algum momento da vida.
No Brasil, estatísticas do IBGE apontam que aproximadamente 5,4 milhões de brasileiros são afetados pela hérnia de disco.
Na minha experiência de anos como ortopedista, um tema recorrente nas consultas refere-se à escolha do colchão para hérnia de disco lombar.
Muitos dos meus pacientes não compreendem como este item, aparentemente simples, pode influenciar significativamente no alívio ou agravamento dos sintomas da hérnia de disco lombar.
E é justamente sobre isso que abordarei ao longo deste conteúdo, com dicas para ajudar você a escolher o colchão mais adequado para quem tem hérnia de disco lombar.
A relação entre o sono e a saúde da coluna
Entre as vértebras da coluna vertebral existem discos intervertebrais que se reidratam durante o sono. Por isso, manter uma postura incorreta enquanto dormimos pode comprometer essa reidratação e deixar os músculos da coluna desalinhados.
Estudos científicos comprovam esta relação. Uma pesquisa publicada em 2023 demonstrou que o uso de um colchão adequado determina mudanças pequenas, mas estatisticamente significativas, nos ângulos que descrevem o alinhamento sagital da coluna lombar.
Estes ajustes, ainda que sutis, podem fazer grande diferença no conforto e na recuperação de quem sofre com problemas na coluna.
Colchão para hérnia de disco lombar: critérios essenciais de escolha
Na busca pelo colchão para hérnia de disco lombar ideal, é importante compreender que não existe um modelo único que sirva perfeitamente para todos os casos. Cada paciente apresenta características físicas e necessidades específicas que devem ser consideradas.
Um estudo randomizado, controlado e multicêntrico publicado no The Lancet demonstrou que colchões de firmeza média proporcionaram melhores resultados para pacientes com dor lombar crônica não-específica, quando comparados aos colchões muito firmes.
Firmeza adequada: o equilíbrio perfeito
O colchão não pode ser nem muito macio, nem excessivamente duro.
Um colchão muito macio permite que o corpo afunde demais, causando desalinhamento da coluna, enquanto um colchão extremamente firme não se adapta às curvas naturais do corpo e acaba gerando pontos de pressão.
Recomendo aos meus pacientes que verifiquem se o colchão está afundando adequadamente com o peso do corpo – o ideal é que ele ceda entre 3 e 5 centímetros no máximo.
Esse é um indicador prático que utilizo nas orientações clínicas, considerando que aproximadamente 60% do nosso peso fica concentrado na região lombar durante o sono.
Tipos de colchões e materiais recomendados
No mercado, encontramos quatro tipos principais de colchões:
- Espuma: Os colchões de espuma se adaptam bem ao corpo e proporcionam bom conforto. A densidade da espuma é crucial – para pacientes com hérnia de disco lombar, a espuma de alta densidade é geralmente recomendada por oferecer suporte firme que alinha a coluna.
- Mola: Colchões de mola, especialmente os de molas ensacadas, oferecem bom suporte ponto a ponto, reduzindo a transferência de movimento. São especialmente indicados para quem dorme de lado ou para casais com diferença significativa de peso.
- Látex: Os colchões de látex são valorizados pela durabilidade e capacidade de manter a forma. Adaptam-se bem aos contornos corporais, proporcionando alívio de pressão na coluna vertebral.
- Híbridos: Na minha prática médica como ortopedista experiente em hérnia de disco, tenho notado excelentes resultados com colchões híbridos, que combinam camadas de espuma com sistemas de molas. Estes modelos oferecem tanto o suporte necessário quanto o conforto para pacientes com hérnia de disco lombar.
A importância da densidade correta
A densidade do colchão refere-se à quantidade de matéria-prima utilizada por metro cúbico na fabricação e é fundamental para garantir o suporte adequado.
O Instituto Nacional de Estudos do Repouso (INER) desenvolveu uma tabela de biotipo que considera peso e altura para definir a densidade de espuma ideal para cada pessoa.
Para meus pacientes com hérnia de disco lombar, sempre oriento sobre a consulta a essa tabela. Em geral, pessoas com peso entre 80 e 100kg e altura entre 1,60m e 1,80m se beneficiam de colchões com densidade D33, enquanto pessoas mais pesadas precisam de densidades maiores (D40 ou D45).
Posições para dormir e acessórios complementares
Além do colchão para hérnia de disco lombar adequado, oriento meus pacientes sobre a importância da posição ao dormir:
- Dormir de lado é geralmente a melhor posição para quem sofre com hérnia de disco lombar.
- Utilizar um travesseiro que mantenha a cabeça em uma posição confortável de 45° em relação ao ombro.
- Colocar um travesseiro fino entre os joelhos ajuda a alinhar a coluna lombar e reduzir a pressão sobre o disco afetado.
Quando trocar seu colchão
Um erro comum que observo é a resistência dos pacientes em trocar colchões antigos. Recomendo a substituição a cada 7-10 anos, conforme as orientações dos fabricantes.
Um colchão desgastado perde sua capacidade de suporte e pode agravar os sintomas da hérnia de disco lombar.
Sinais de que é hora de trocar seu colchão incluem desconforto ao acordar, presença de afundamentos visíveis e o aparecimento ou agravamento de dores nas costas.
Conclusão
Escolher o colchão para hérnia de disco lombar adequado é parte fundamental do tratamento desse problema tão comum.
Embora não exista uma solução única para todos os casos, as evidências científicas apontam para colchões de firmeza média, com densidade adequada ao biotipo, como os mais indicados para pacientes com hérnia de disco lombar.
Em minha experiência clínica de anos tratando esse problema, percebo que pacientes que dedicam atenção à escolha adequada do colchão apresentam melhora significativa na qualidade do sono e redução das dores.
Vale lembrar que o colchão é um artigo de saúde e não apenas um móvel, e deve ser tratado com a devida importância.
Recomendo sempre uma avaliação médica individualizada, pois cada paciente possui características e necessidades específicas.
Ressaltando que passamos aproximadamente um terço de nossas vidas dormindo, e esse tempo deve contribuir para nossa saúde, não para agravá-la.