O formigamento nas costas é uma queixa frequente que recebo em meu consultório e que afeta pessoas de todas as idades.
Como ortopedista especializado em condições da coluna vertebral há mais de 15 anos, posso afirmar que este sintoma merece atenção, pois pode variar desde uma condição temporária e benigna até um sinal de problemas mais graves que exigem intervenção médica imediata.
O desconforto, caracterizado pela sensação de “agulhadas” ou dormência na região dorsal, pode se manifestar de forma intermitente ou persistente, causando grande preocupação em meus pacientes.
Neste artigo, vou compartilhar minha experiência clínica e informações baseadas em estudos científicos para ajudá-lo a compreender melhor este sintoma.
O que causa formigamento nas costas
O formigamento nas costas pode resultar de diversas condições, desde situações simples e transitórias até problemas neurológicos complexos, sendo as causas mais comuns relacionadas à compressão nervosa.
Segundo dados do Instituto Brasil de Coluna (IBC), aproximadamente 80% dos brasileiros sofrerão de algum tipo de dor ou desconforto nas costas ao longo da vida, sendo que cerca de 30% destes casos apresentam formigamento como sintoma associado.
A sensação de formigamento ocorre quando há interferência na transmissão normal dos sinais nervosos, a qual pode ser causada por:
- Pressão sobre os nervos (compressão nervosa).
- Inflamação dos tecidos circundantes.
- Lesões.
- Doenças sistêmicas.
- Posturas mantidas por longos períodos.
Um estudo publicado no Journal of Neurosurgery: Spine revelou que o formigamento na região dorsal está presente em cerca de 45% dos casos de hérnia de disco torácica, uma condição menos comum que a hérnia lombar, mas igualmente debilitante.
Principais condições médicas associadas
Em minha experiência de mais de uma década tratando pacientes com problemas na coluna, identifiquei diversas condições médicas frequentemente associadas ao formigamento nas costas:
Hérnia de disco
É uma das causas mais comuns, especialmente quando afeta a região torácica ou lombar alta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, cerca de 40% das pessoas acima de 40 anos apresentam hérnias discais assintomáticas, mas quando há compressão nervosa, o formigamento é um dos primeiros sinais.
A protrusão do material do disco intervertebral pressiona as raízes nervosas, gerando essa sensação característica.
Estenose espinhal
A estenose espinhal, caracterizada pelo estreitamento do canal medular, é outra condição frequente em pacientes idosos.
Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) mostram que aproximadamente 8% dos brasileiros acima de 60 anos apresentam algum grau de estenose espinhal que pode causar formigamento nas costas.
Radiculopatia torácica
A inflamação ou compressão das raízes nervosas na coluna torácica provoca formigamento que pode se irradiar para o tórax, simulando até mesmo condições cardíacas.
Um estudo da Mayo Clinic demonstrou que cerca de 10% dos pacientes com dor torácica atípica na emergência tinham, na verdade, problemas na coluna.
Fibromialgia
A fibromialgia, condição que afeta aproximadamente 2,5% da população brasileira segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, também pode manifestar formigamento nas costas como parte de seu quadro de sintomas neurológicos.
Em minha clínica, tenho notado um aumento significativo de diagnósticos desta condição nos últimos anos.
Quando o formigamento na coluna é sinal de alerta
Como sempre oriento meus pacientes, nem todo formigamento nas costas exige preocupação imediata.
Mas existem cenários onde este sintoma pode indicar uma condição potencialmente grave que demanda avaliação médica urgente, especialmente na presença dos seguintes sinais:
- Surge repentinamente após um trauma ou lesão na coluna.
- É acompanhado de fraqueza muscular progressiva.
- Ocorre simultaneamente com perda de controle da bexiga ou intestino.
- Está associado a dor intensa que não melhora com repouso.
- Progride rapidamente ou se espalha para os membros.
Um estudo recente conduzido pela Universidade de São Paulo demonstrou que o formigamento nas costas acompanhado de alterações na marcha pode ser um sinal precoce de compressão medular, condição que exige intervenção rápida para evitar sequelas permanentes.
Em casos assim, costumo solicitar exames de imagem com urgência e, dependendo dos resultados, encaminhar para avaliação neurocirúrgica.
Outro dado alarmante vem da Associação Americana de Neurologia, que aponta que cerca de 15% dos pacientes com esclerose múltipla relatam formigamento nas costas como um dos primeiros sintomas da doença. Esta estatística reforça a importância de não subestimarmos esse tipo de queixa.
Diagnóstico e abordagem médica
Quando um paciente chega ao meu consultório relatando formigamento nas costas, minha abordagem diagnóstica é minuciosa e individualizada.
Inicio com uma anamnese detalhada, questionando sobre o início dos sintomas, fatores de piora e melhora, outros sintomas associados e histórico médico pessoal e familiar.
O exame físico completo é fundamental e inclui avaliação da sensibilidade, força muscular, reflexos e manobras específicas para identificar compressões nervosas.
Conforme dados da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, essa avaliação inicial já permite direcionar o diagnóstico em cerca de 70% dos casos.
Dependendo dos achados clínicos, solicito exames complementares como:
- Radiografias da coluna: úteis para visualizar alterações ósseas e posturais.
- Ressonância magnética: considerada padrão-ouro para avaliação de tecidos moles e compressões nervosas.
- Eletromiografia: para avaliar a condução nervosa e identificar radiculopatias.
- Exames laboratoriais: quando há suspeita de doenças sistêmicas como diabetes ou deficiências nutricionais.
O diagnóstico precoce é fundamental para definir o melhor tratamento e evitar progressão dos sintomas.
Tratamentos e estratégias de prevenção
O tratamento do formigamento nas costas varia conforme a causa subjacente.
Com base na minha prática enquanto médico ortopedista de coluna em Goiânia, adapto a abordagem terapêutica às necessidades individuais de cada paciente, mas existem algumas linhas gerais que costumo seguir.
Para casos relacionados a posturas inadequadas ou esforço excessivo, recomendo inicialmente:
- Repouso relativo (evitando imobilização prolongada).
- Fisioterapia específica para fortalecimento da musculatura paravertebral.
- Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos quando necessário.
- Técnicas de relaxamento muscular.
Um estudo multicêntrico publicado no European Spine Journal demonstrou que a fisioterapia específica para coluna reduziu em 65% os sintomas de formigamento nas costas em pacientes com problemas discais leves a moderados.
Para condições mais complexas como hérnias discais com compressão significativa, estenose grave ou tumores, a abordagem pode incluir tratamentos mais invasivos, onde cerca de 20% dos pacientes com formigamento nas costas persistente necessitam de intervenções como:
- Infiltrações epidurais com corticosteroides.
- Bloqueios nervosos guiados por imagem.
- Procedimentos minimamente invasivos como rizotomia por radiofrequência.
- Cirurgias descompressivas ou estabilizadoras da coluna.
Prevenção
Quanto à prevenção, sempre aconselho meus pacientes a adotarem hábitos que promovam a saúde da coluna:
- Prática regular de atividade física, especialmente natação e pilates.
- Ergonomia adequada no ambiente de trabalho.
- Manutenção de peso saudável.
- Alongamentos diários.
- Pausas frequentes em trabalhos que exigem posições estáticas.
Conclusão
O formigamento nas costas, embora comum, não deve ser ignorado. Como ortopedista dedicado à saúde da coluna vertebral, testemunho diariamente como esse sintoma pode impactar significativamente a qualidade de vida de meus pacientes.
A chave está no equilíbrio: nem ignorar completamente o sintoma, nem se desesperar antes de uma avaliação adequada.
Em minha trajetória profissional, tenho observado que pacientes bem informados conseguem identificar sinais de alerta com mais precisão e buscar ajuda no momento adequado.
Se você experimenta esse sintoma de forma persistente ou associado aos sinais de alerta mencionados, não hesite em consultar um ortopedista especialista.
O cuidado com nossa coluna vertebral é um compromisso diário com nossa qualidade de vida atual e futura.
Como sempre digo aos meus pacientes: nossa coluna nos sustenta por toda a vida – cuidar dela é investir em autonomia e bem-estar duradouros.