A sensação de coluna travada é algo que muitos dos meus pacientes descrevem como desesperadora. É um momento em que a dor nas costas se torna tão intensa que qualquer movimento parece impossível.
Enquanto ortopedista, percebo que entender o que fazer quando se está com a coluna travada é fundamental para aliviar o sofrimento e evitar complicações.
Este problema afeta pessoas de todas as idades e, segundo estudos, cerca de 80% da população mundial terá ao menos um episódio de dor nas costas ao longo da vida.
A coluna travada nada mais é do que um mecanismo de defesa do próprio corpo para estabilizar uma região machucada, impedindo que a lesão se agrave.
Como especialista que trata diariamente destes casos, explico que este “travamento” é um sinal de alerta que não deve ser ignorado.
Dados epidemiológicos da dor na coluna
Segundo dados da revista The Lancet Rheumatology, em 2020 foram estimados 619 milhões de casos de dor lombar no mundo, número que deve aumentar para 843 milhões até 2050.
No Brasil, pesquisas mostram que houve um aumento de 26,83% na prevalência de dor lombar entre 1990 e 2017.
Em meu consultório, tenho notado este crescimento preocupante, especialmente entre pessoas com estilo de vida sedentário e aquelas que passam longos períodos em uma mesma posição.
A dor lombar, inclusive, representa a principal causa de anos vividos com incapacidade em escala global.
O que causa uma coluna travada?
Na minha trajetória como ortopedista especialista em coluna em Goiânia, observo diversas causas para o travamento da coluna:
Fatores mecânicos e posturais
- Tensão ou distensão muscular (principal causa da maioria dos casos).
- Má postura persistente.
- Permanecer sentado na mesma posição por períodos prolongados.
- Esforço excessivo, principalmente ao dobrar o tronco para frente.
- Levantamento de peso inadequado.
Condições clínicas
- Hérnia de disco (quando o líquido gelatinoso interno do disco extravasa).
- Pinçamento nervoso, causando dores irradiadas.
- Fissura do ânulo fibroso (camada externa do disco intervertebral).
- Contraturas musculares intensas.
Fatores contribuintes
- Obesidade.
- Sedentarismo.
- Estresse emocional e tensão.
- Envelhecimento natural das estruturas da coluna.
Sintomas que indicam travamento de coluna
Quando recebo pacientes com coluna travada em meu consultório, geralmente observo os seguintes sintomas:
- Dor intensa e localizada, geralmente de início súbito.
- Rigidez extrema e incapacidade de movimentação.
- Sensação característica descrita como “travar” em determinada posição.
- Em alguns casos, dor irradiada para membros (braços ou pernas).
- Formigamento e fraqueza muscular nas extremidades, indicando possível compressão nervosa.
- Espasmos musculares intensos que “bloqueiam” a coluna.
O que fazer durante uma crise?
Quando meus pacientes perguntam sobre o que fazer imediatamente após uma crise de coluna travada, recomendo:
- Manter a calma: O travamento muscular é temporário e irá melhorar com as medidas adequadas.
- Repouso breve inicial: É importante descansar por um curto período, mas evite ficar completamente imóvel por muito tempo, pois isso pode piorar a rigidez.
- Aplicação de calor local: Compressas mornas ajudam a relaxar a musculatura e aliviar a dor.
- Medicação adequada: Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser necessários para controlar a dor. Em minha prática, prescrevo-os conforme a intensidade dos sintomas, mas sempre reforço: não se automedique
- Evite movimentos bruscos: Alongamentos forçados ou “trancos” podem agravar lesões existentes.
- Busque ajuda especializada: O diagnóstico correto é fundamental para um tratamento eficaz.
Tratamentos recomendados com base em evidências científicas
De acordo com diretrizes clínicas recentes, como a publicada pelo Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, os tratamentos com maior evidência de eficácia incluem:
- Manipulação/ajuste vertebral: Considerada a intervenção com maior nível de evidência para lombalgia aguda.
- Terapia por exercícios: Altamente recomendada, especialmente para casos crônicos.
- Educação em neurociência da dor: Importante para o entendimento e manejo dos sintomas.
- Fisioterapia especializada: Em minha experiência clínica, tenho observado excelentes resultados com técnicas específicas como terapia manual e exercícios personalizados.
Para casos mais graves, podem ser necessários analgésicos mais potentes ou outros procedimentos, sempre sob supervisão médica.
Prevenção: como evitar que a coluna trave novamente
Em meu consultório, sempre oriento os pacientes sobre métodos preventivos:
- Mantenha uma postura adequada: Tanto sentado quanto em pé, a postura correta reduz a sobrecarga na coluna.
- Pratique exercícios regulares: O fortalecimento dos músculos da coluna e do core (região abdominal) é fundamental para dar suporte à estrutura vertebral.
- Evite permanecer na mesma posição: Faça pausas frequentes para movimentação se trabalha sentado por longos períodos.
- Mantenha peso saudável: O excesso de peso sobrecarrega a coluna vertebral.
- Controle o estresse: Técnicas de relaxamento ajudam a reduzir a tensão muscular.
Quando procurar ajuda médica imediatamente
Como ortopedista especializado em coluna, recomendo que procure atendimento médico imediatamente se apresentar:
- Dor que piora progressivamente mesmo com medicação.
- Perda de força nos membros inferiores.
- Dormência na região genital.
- Incontinência urinária ou intestinal.
- Febre associada à dor nas costas.
- Dor após trauma ou queda.
- Primeiro episódio de dor intensa após os 55 anos.
Conclusão
A coluna travada é um sintoma que requer atenção e cuidados adequados. Em minha prática clínica diária, observo que muitos pacientes buscam soluções rápidas e por conta própria, o que frequentemente agrava o quadro.
O correto entendimento sobre o que fazer quando a coluna trava, aliado à busca por ajuda especializada, pode fazer toda a diferença na recuperação.
Cada organismo responde de maneira única ao tratamento. Por isso, é essencial uma abordagem individualizada e conduzida por profissionais capacitados.
Com o tratamento adequado e medidas preventivas, é possível reduzir significativamente as chances de novos episódios e recuperar sua qualidade de vida.